quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Renuncia

"Bem querer pecaminoso. Sentimento pagão que não ouso batizar. O fato é que você é um vício, me alimenta com doses diárias de esperança, sem se dar conta do mal que me faz, doce deletério que amarga quando você sai. Às vezes te sinto tão ausente de mim, que só penso em fugir, ficar longe de você... Fora de mim. Parece que só me resta fechar os olhos como quem pretende não sentir. Quem sabe o tempo, encarregado austero, não desfaz os nós cegos que prendem você a mim?!
Coloquemos logo um fim nisso. Despedida de quem não quer partir costuma não ter fim. Eu vou e não posso carregar esse sentimento moribundo que não vive nem morre, agoniza silenciosamente, eternamente pensando como seria se...
Pois bem, só cabe a você acabar com o tormento: dê um golpe fatal (esqueça tudo que leu e devolva o bilhete) ou um sopro de vida (guarde-o no bolso com a promessa de que ninguém mais lerá)".
Ela não considerou uma terceira hipótese, talvez a mais dolorosa: o tal bilhete poderia ser recusado sem jamais ser lido. Entulho!

Um comentário:

Felipe Teles disse...
Este comentário foi removido pelo autor.