quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Oração (In)Subordinada

Santo Deus Verborrágico que me guia nos meus desatinos, ensine-me a usar vírgulas adequadamente e quando necessário o ponto final. E que não seja tão difícil começar novas frases.

Afaste-me do tédio do pleonasmo, da fadiga do gerúndio e ensine-me a conjugar os verbos nos tempos certos, a saber a hora de escrever orações sem sujeitos.

Ensine-me a dosar meus advérbios de intensidade e a relativizar os de tempo. Que meu jeito aliterado não cause cacofonia nas frases alheias.

Ensine-me a trocar os pronomes sem perder as pessoas, a entender minhas antíteses e a aceitar meus paradoxos.  

Que meus predicados sobrevivam sem adjetivos e os pretéritos não me consumam. Que eu aprenda a conviver harmonicamente com substantivos concretos e abstratos e saiba ser plural sem perder a singularidade.

Que eu tenha o discernimento necessário para usar conjunções e perceber a recíproca quando verdadeira.


Amém!

4 comentários:

Anônimo disse...

Inefavelmente talento nato! E que como presente seu preterito seja sempre mais q perfeito!

Unik Tampa Nama

Anônimo disse...

Metáforas ambíguas de pleonasmos viciosos, dizer que gostei só se tornaria mais um....

Andréia Félix disse...

Também são meus desejos, tanto na escrita quanto na vida. E, acima de todos, 'que não seja tão difícil começar novas frases'.

Criativo, sensível e envolvente. Adorei!

Unknown disse...

Cacete... se essa oração se tornasse realidade em minha vida, eu iria poupar muito dinheiro com revisões, assim como chupar picolé com a avó pode ser tão terapêutico quanto ir a um analista e poupar um baita dinheirão.
Curti, na verdade, invejei, rs... a parte que mas me tocou, provavelmente por ressoar alguns conceitos filósoficos que amo, é "ser plural sem perder a singularidade".
É lógico que há outras partes tão interessantes quanto delicadas, ricas e complexas, mas é preciso tempo, tempo para o tempo elaborar outros pensamentos, outras manhãs, tardes ou noites, que são necessárias para outras leituras do mesmo que desperta outros, pois cada vez que se ler, não será sempre a mesma coisa, afinal, você é "plural e singular" eis um perfeito paradoxo; por isso não é atoa que foi e é uma delicia falar com pessoas inteligentes como você, uma rara Ariadne, que na mitologia grega representava o fio condutor entre as ideias, mulher que conquistou Dionísio com sua inteligência.
Por fim, na verdade, creio que posso olhar para ti umas seiscentas vezes, e sempre ver algo de diferente sem nunca me cansar!
Te cuida...
Um grande beijo...
Doni