segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Volta às aulas*


A cada passo a certeza, embora o medo e a ansiedade também estivessem lá. Uma sensação libertadora me tomava por inteira enquanto era instigada por toda aquela luxúria. As pessoas que passavam apressadas em seus carros em plena avenida sem muito movimento nem de longe suspeitavam do que acontecia no quarto andar daquela faculdade. Ele nem era mais aluno e eu nunca havia sido. Em meio à penumbra da sala vazia me abandonei à libido que nos consumia. A qualquer momento alguém poderia chegar, mas isso não importava, não naquele momento. Poderia o coração parar de bater de tanto palpitar? Não, não parou. Experimentamos uma sensação cujo prazer só é conhecido por quem já cometeu um pecado.  Confundimos nossos corpos e suores. Misturamos nossas pernas numa dança de quadris içados. Eram movimentos desvairados. Foi entre murmúrios ao pé do ouvido que vestimos as roupas e compactuamos nosso segredo em silêncio. É por isso que fica aqui entre nós.
A.M.

*Atendendo a pedidos graciosos, cá está mais uma das Minhas Histórias dos Outros. 'Lugares Públicos' está de volta. Leia também:
 - No escurinho do cinema
- Uma saída para emergência


Um comentário:

Anônimo disse...

Das medidas de tempo, o Agora é a que mais gosto, nem sempre nos orgulhamos do Antes, o Por Enquanto pode durar muito pouco, o Depois pode nunca chegar, mas o Agora está sempre a nossa frente, pronto para ser o que dele moldarmos. Somente o Agora nos possibilita essas loucuras momentâneas, e com o passar do tempo, notamos que esses momentos de loucuras são na realidade os mais sãos que tivemos, e se pudéssemos voltar atrás...com certeza teríamos muito mais deles...Afinal, se todos soubessem o valor do Agora, Presentear-se-iam- todos os dias!

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