quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Doce deletério

Aquele mesmo sorriso tímido que enternecia meu coração inquieto. Era a mesma imagem que desvanecia em minhas pupilas já dilatadas. Feito droga, tudo aquilo já percorria irremediavelmente pela corrente sanguínea, emanando pelos poros, me exagerando em vacilo. Eram sorrisos vazando pelos braços e cotovelos. No mesmo instante a distância entre as bocas fez-se curta e os dentes ficaram sérios. Os olhos encerrando despertavam todos os outros sentidos. Já não havia palavra que dissesse qualquer coisa, todas tinham se perdido na perturbação do silêncio. Labirinto! Foi assim, exatamente assim... Tudo fez-se texturas, aromas e paladares que, embora distantes, no mesmo instante errante concretizavam-se antigos conhecidos.

4 comentários:

Anônimo disse...

As lembranças podem não ser eternas, mas as sensações que elas nos causam tanto no momento quanto em sua ausência tornam-se sentimentos inerentes a nossa alma, interferindo fortemente na pessoa que somos, e que nos tornamos!
Mas algumas tornam-se drogas que nos viciam...mas vão findando na memória..e por fim nos deixam em absoluta abstinência! Alguns chamam saudade...

Cris disse...

Já ouvi muito a frase "vou curtir o momento". No entanto, a vida é um conjunto de vários momentos que encaixados, formam a figura chamada "eu". Só que tem um momento que, se retirado, desfigura completamento o quadro: é aquele instantezinho que ficou retido na retina, a menina dos olhos, o momento pupila que dá todo o sentido do que foi vivido. Seu texto retrata bem isso e me faz perguntar em qual dos meus momentos eu perdi minhas pupilas!

Daniel Franco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daniel Franco disse...

Um abismo sem fundo... um labirinto de espelhos... um sentimento de algo acabado parcialmente... não há limites para sentir, para amar, nem mesmo se o nome dele for passado.

Super beijo Gi.