sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Fica o chiste

Em delírios de meias noites repletos de luas crescentes via os sorrisos minguarem. Tinha mais de um quarto de hora, duas camas vazias e muito pesar, de tanta vontade que insistia em não passar. Era de dar preguiça tanto lembrar. Em pensar no quanto ainda estava por vir, mas o tempo é sempre relativo demais pra intuir. Só de imaginar dá cansaço esse desenrolar. É sempre assim, os copos se vaziam e os corpos permanecem emoldurados em velhas palavras, escorados em paredes descoradas até que cada pedaço seja corroído, arrancado desesperadamente com as unhas, até que as próprias unhas fiquem cravadas e os dedos saiam latejando esse penar.

Quando penso... Assisti aflita a quase tudo. Ela já nem dormia mais, tudo porque não dava conta de tinteiros que trouxessem vida, de cinzeiros pras bitucas de lembranças em brasas apagadas na carne, cobertas de sangue, sujas de passado. Àquele passo tudo já havia perdido a consistência, não passava de momentos liquefeitos que, borbulhantes, derramavam sem dar fé. Pé ante pé fui lá e vi todos eles se espalhando nos pensamentos, escorrendo sem válvula de escape, virando goteiras constantes pra atormentar dias errantes, com palavras tão discrepantes, sem nunca dar conta do quanto são distantes. Era pra ser piada. Eita, que esqueci de dar graça.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sensacional!
Como você mesmo diria!
A forma como você brinca com as palavras é como uma criança com chocalhos em suas mãos, ela o faz por diversão e chama a atenção de todos em sua volta, e os que estão em volta de divertem da alegria da criança.
Seus textos nos faz rir, pensar, lembrar e até mesmo chorar, são expressivos e provocativos, provocam sentimentos que saltam das palavras e penetram em nós!
Há pessoas que escrevem bem , mas você tem talento!
Dá as palavras sentidos especiais! Se eu fosse uma palavra adoraria ser escrita por você e ser definida por seu contexto!!!

Cris disse...

Falar da beleza de sua escrita é pura redundancia. Quanto ao texto, realmente não lhe cabe qualquer definição comica, pois sua essencia está mais para o terror. Porém, a graça viria se ela descobrisse que entre tantos brinquedos legais no parque, escolheu se perder justamente na casa dos monstros!
E o que é a vida senão um grande parque de diversões cheio de opções?! Você escolhe a aventura!