- Moça, moça... Moça!
Ela ouviu, mas entre tantas moças porque haveria de ser ela a solicitada? Continuou a caminhada rumo aos pensamentos, longe, longe dali. No entanto, os chamados foram se aproximando dos ouvidos até que barba e cabelos brancos andavam ao lado dela.
- Posso te dar um presente?
*Os olhinhos azuis foram se apertando à espera da recusa.
- Pra mim?
*A desconfiança da pergunta descortinou um sorriso anuviado.
- Sim, pra você!
- Porque pra mim?
*Apertando os passos.
- Ah... Porque você é linda.
- Então só as moças bonitas ganham presentes?
- Não, todas ganham, mas só as lindas ganham de desconhecidos. E prosseguiu apressado antes que ela pudesse interromper: - Quero lhe dar um poema, você aceita? Não precisa nem pagar. O poema já era seu.
Diante da impossibilidade de reusa ela leu:
“Moça
Tuas rubras, pétreas, serenas coxas.
Tuas rubras, pétreas, serenas coxas.
Fitam meus olhos claros e baldios
Olhos dum tímido, duma louça
Feitos da pura porcelana viril.
Mira-te minha lira – esquadrinha-,
Meu riso – denuncia-,
Minha agonia – surge
Fraca como tecido de nuvem.
Num jato fabuloso, imagino
Verter sobre seu rosto o líquido
Que alimenta os deuses do Olimpo.
Vinho, néctar, ah, não importa,
Não importa até mesmo o fel
Se quando a sinto, sinto o próprio céu.
Antonio Luiz Junior,
ou simplesmente Tony”
ou simplesmente Tony”
Vendo-se refletida tão... “Linda” nos olhos de porcelana do senhor, quis se demorar naquele estado. Temeu ter que devolver o papel e foi se antecipando: - olha, eu to com pressa e não...
- Não se preocupe, já disse, o poema é seu. Minhas musas sempre aparecem depois da obra pronta. Pode levar, só não me esqueça.
Ela, comovida e atordoada com a delicadeza sensual do poema, foi embora levando o papel, mas já sentindo que deixava algo.
9 comentários:
Adorei!!! Mas, senti vontade de chorar rsrsrs
Um dia do nada um cara me parou no metrô e me entregou um papel... Ele tinha me desenhado perfeitamente! Também não entendi na hora, mas adorei a surpresa.
Esse velho me pareceu meio tarado! Faz poesias sensuais inspirado em sua lascívia, depois sai as ruas em busca de deusas com egos fragilizados, na tentativa de enternece-las para facilitar o rodo, já que ele não pode mais contar com seus dotes masculinos, destruídos pela andropausa.
Mudam-se as armas, mas não o espírito do caçador...hehehehehe!
Mesmo assim, muito boa a cantada...hã...quero dizer...poesia! Muito bonita!Será que ele tem grana prum viagra?
Adorei o poema e a forma como você contou o episódio.
Não vi malícia, mas a vontade de mostrar para alguém aquela arte que depois de pronta pensamos: "isso não pode ficar comigo, preciso compartilhar esse momento de inspiração com alguém".
E, de fato, a arte merece ( e precisa!) ser divulgada!
Bjo!
Sempre escrevemos pensando em alguém, nem que seja si próprio. Por sorte o "velho poeta" conseguiu encontrar uma "deusa" para representar a "musa" de seus pensamentos.
Encontros fabulosos sem ter um porque. Adorei te ler. Bj.
O nome da atriz é Mila Kunis. Miley Cyrus é a Hannah Montana.
Um beijo e até julho,
Bruno
P.S.: Texto bacana. Gostei! ;0
Que sensação deliciosa deve ser ver-se refletido de forma tão doce aos olhos de alguém!
Todos nossos sentimentos pertencem de alguma forma a alguém, todos os poemas expressam nossos sentimentos, sendo assim nossos poemas também pertencem de alguma forma a outra pessoa.
O poema do senhor de barba branca e olhos azuis pertencia a esta linda moça, e os teus? A quem pertencem?
Hahahaha... "Sr. Anônimo Bruno", pelo menos acertei o primeiro nome.
E, pois é Sr. anônimo2, assim como o "Velho Poeta", escrevo pra depois encontrar o "Muso" (rs+). Se é que o Daniel me empresta os verbetes dele, "encontros fabulosos [acontecem] sem ter um porquê".
Opa Gi, com certeza, Voce nem precisa pedir. Bj.
Postar um comentário