quarta-feira, 18 de maio de 2011

Bolor

Diz-se puta

Desculpa!

Amarga

A boca

Tão muda

Rouca

Num egoísmo singelo repousa

O mundo da louca

Sem poupa

Tão pouca

Valha-me Deus

Estou nua

Toda crua

Empenada

No ruir dos dias

Com ossos quebrados

Cerrados

Os dentes

Amarelados

Cravados na carne

Crivados na alma

Crispados de vida

Privados de ser

Retina

Cretina que cria

Recria

Desbaratina

5 comentários:

Daiane Brito disse...

Excelente!!! Não peça desculpa, que se dane o mundo!!! rsrsrs Revolta³³³³

tatiane.trindade disse...

Não consigo imaginar título melhor, traduz exatamente o sentimento ao término da leitura, é como entregar TUDO não receber NADA de volta, mas tudo que foi entregue recupera-se o que não recebeu de volta que será o eterno vazio, de quem não deu e não de quem não recebeu!
O poema é ‘expressivo’ não consigo encontrar adjetivo melhor, mas deixa uma sensação de vazio, sujo, úmido e sombrio...

Seus dois últimos posts são mto solitários...

Cris disse...

Vai tomar sol que passa! Mas não é do sol "astro rei" de quem estou falando...vc sabe até mais do que eu, está dentro de vc!

Daniel Franco disse...

O bolor e seu odor. O mundo, os fungos. Escuridão, aflição. A alma embolora, assim, igual ao pão. As pessoas emboloram na solidão.

Lindo texto, poema, pensamentos... enfim, como definir isso?

Procopio disse...

To gostando de ver isso aqui...
Melancolia com surtos explosivos, questionamentos com quedas abruptas num vale de vazios.
De fato um ser paradoxalmente encantador.

to quase fã.

Bjo!