sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Opportunity

Estava no carro em busca do ônibus. Precisava a todo custo embarcar no das 12h. Já haviam se passado alguns minutos do horário de partida dele quando avistei a rodoviária. “Corre lá, o ônibus ta lá”. O condutor do carro disse isso sem muita pressa ou certeza de que eu, de fato, iria.


“Magina! Já são quase 12h20, esse deve ser o das 13h, se nos apressarmos acho que consigo pegar o das 12h na parada da frente”. Durante a corrida percebi que não havia dinheiro suficiente na carteira. “E agora?”, indaguei em voz alta, já avistando o caixa eletrônico adiante.


“Ok. Aquele da rodoviária devia mesmo ser o das 12h”, pensei enquanto descia do carro em busca de mais dinheiro para embarcar no ônibus que poderia ter pego na rodoviária usando o cartão de crédito que não estava sendo aceito por aquela máquina estúpida.


Compreendi porque as pessoas, que tantas vezes chamei de vândalas (desculpem-me pela incompreensão), quebram aparelhos de utilidade pública quando o caixa parou de funcionar na minha vez. Espatifei a aparelhagem. Em pensamento. Pela falta de força física, claro. A imagem das mil peças estraçalhadas só saiu dos meus pensamentos para dar lugar à do ônibus do meio-dia que passava diante de mim, na outra avenida.


Mas não me dei por vencida, entrei no carro, que já estava em movimento, e segui no encalço do meu ônibus. Foi com alguma tristeza que constatei, depois de alguns semáforos, que não conseguiria alcançá-lo. Apenas fiquei a observar como ele se afastava rápido. Pedi ao condutor que me levasse de volta à rodoviária e lá fiquei, naquele lugar de extremos, paralisada pela aterradora ideia de que esse episódio deve ter se repetido inúmeras vezes, em diferentes escalas e proporções, sem que eu me desse conta. Embora me sentisse compelida, não ousei perguntar a mim ou a qualquer força sobrenatural os desfechos de cada “se...” abandonado pelo caminho. Assegredo que tive medo de não sair impunemente com a resposta.


3 comentários:

Felipe Teles disse...
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Cris disse...

Se...
eu tivesse casado com aquele açougueiro bonitinho que me paquerava...
tivesse cursado biologia...
tivesse pego aquela trouxinha e fugido com o motorista da coca-cola...
se...quantos destes "se" eu transformei em "é" e quantos "és" eu gostaria que tivessem ficado apenas no "se".
Acho que prefiro mais o verbo no presente do indicativo, do que o pronome conjugando algo no pretérito imperfeito da minha vida.

Felipe Teles disse...
Este comentário foi removido pelo autor.