domingo, 10 de janeiro de 2010

Lugares Públicos II


Uma saída para emergências


Ele estava atrasado para a aula e eu só entraria às 21h naquele dia. Aceitei acompanhá-lo até a sala, pela saída de emergência, como quem aceita tomar um alucinógeno. O enlaçar das pernas nos lances da escada era de enlouquecer. Deus e o diabo naquele toque de anjo. Todo o meu corpo enrijeceu e eu estremeci como quem passa por um frenesi. Só podia ser loucura, sim. Já não controlava qualquer coisa que fazia. Todo o meu sangue parecia pulsar entre minhas pernas com a pressão dos lábios dele. O próprio Freud não saberia explicar a minha catarse. Ajeitei a cueca, subi a calça e arrumei o nó da gravata dele enquanto tirava a mecha de cabelo pretensiosa que lhe cobria os olhos. Nunca foi tão prazeroso ir do primeiro ao segundo andar.
F.M.

Um comentário:

Felipe Teles disse...
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